segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um tempo


Aumento o som, jogo as roupas no chão. Jogo-me no chuveiro e deixo a água levar tudo. Aos poucos vou acordando, deixando pra trás essas ilusões dolorosas que já estavam fazendo parte da minha vida. Eu não ligo mais para os teus passos, para os teus caminhos esquisitos. Eu respeito tuas escolhas, teus fins de noite. Eu também me respeito, por isso vou parar de me machucar por qualquer coisa, por qualquer aventura desmedida, por qualquer fim de noite. Porque eu sou mais do que um fim de noite, sou mais do que alguém que você pode se divertir e jogar fora. Eu troco a música, eu tenho crises de risos, eu não estou louca. Estou me dando férias, não quero joguinhos, não quero ninguém falando no meu ouvido, só quero mais uma cerveja gelada. Não é tempo de chorar, não é tempo de se magoar nesses joguinhos. Que tal umas mordidas, uns amassos? É melhor não, hoje só quero minha cerveja. Hoje eu vou sorrir, vou cantar, vou ser um pouco Amy Winehouse. Lembre-se de mim sorrindo, lembre-se de mim feliz e isso já será bom.

M.A.L.L.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ela falava de amor

Ela falava de amor, ele falava de sexo. Chegou a um ponto em que o diálogo silencioso se perdeu em meio aos corpos que se entregaram. Ela fez amor, ele transou loucamente. Ele virou e dormiu, ela passou a noite acordada imaginando como se libertar dessa relação. Ele roncava enquanto ela beijava delicadamente cada centímetro do seu corpo adormecido.

Ela queria ser a única a dormir naquela cama, mas ela não tinha direitos de se meter na vida dele. Ele estava mais pra um nômade sexual, enquanto intimamente ela me parecia uma integrante do MST doida pra tomar posse daquele terreno. Já há algum tempo ela observava esse território sem dono que não poderia ser seu, e isso gritava na sua cabeça.

Às vezes me questiono o porquê dela ter adentrado numa relação que no final sempre causa dor. Ela gosta de aventura, ela vai até o fim mesmo sabendo que vai terminar com os olhos cheios de lágrimas. Meio masoquista e infantil, definitivamente uma tola romântica.

Ele foi acordando, infiltrando suas mãos no corpinho que estava na sua cama. Ele ainda pensava em sexo, ela ainda tinha esperanças de amor. Ele apertou suas coxas que até machucou aquela pele macia. Ela beijava seu pescoço com amor, e deixou ele se saciar até o fim. Por fim, ele beijou os lábios da menina e disse que ela era ótima. Ele foi tomar banho, ela deixou de sorrir. Ela não queria ser “ótima”, não queria ser um brinquedo, mas isso não estava em suas mãos. Resolveu criar vergonha na cara pelo menos naquele momento, vestiu-se e foi embora sem se despedir.

Na semana seguinte, acordou de novo na cama dele.

M.A.L.L.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Reticências do Sr.T

Mais uma vez ele me escapou. Vírgulas, exclamações, eu não quero ponto final. Eu queria jogar com o Sr.T, mas agora eu vejo que eu sou o brinquedo, e parte de mim adora isso. Trágico. Eu quis, eu busquei, eu estava lá com todo o meu corpo gritando pelo dele. Poucas palavras passaram por nós antes dele descarregar sua energia em mim. Queria mais beijos, mais corpo, mais carinho, mas tudo se evaporou tão rápido que eu mal pude acariciar aquele cabelo preto. Agora eu estou aqui sozinha com meus fantasmas, desejos e lembranças. Seus olhos inquisidores nos meus, minhas mãos vagando na sua pele gostosa. Seus braços me apertando e minha respiração no seu pescoço. Eu me jogo nesse labirinto de informações, onde eu me perco e me machuco. E como quem aprecia a dor, eu cedo aos meus desejos patológicos que me fazem parar no meio da tempestade, eu traço caminhos, caio na tentação. Mais uma vez eu vi o Sr.T partir e me deixar com esse sentimento esquisito. Quando meus olhos o perderam de vista, duas lágrimas quentes escorreram. Uma por ele deixar esse vazio dentro de mim, e a outra pela minha deficiente auto-preservação. Suspiros. Me tranco no meu quarto com o que resta dele em mim, seu perfume impregnado no meu corpo e seu gosto na minha boca. E como não estamos mais entre parênteses, vou dormir com mais reticências na cabeça.

M.A.L.L