sábado, 3 de setembro de 2011

Cartas e cigarros


Ela esperou ele ligar. Apertou-se no seu vestido mais bonito, calçou os scarpins e passou o batom vermelho nos lábios. Lia as cartas dele cheia de amor no peito. Isso era pouca dor, então colocou a música deles pra tocar, e ficou relembrando os momentos nos quais estiveram juntos. Ela sabia que o jogo já havia terminado, entendia que para ele ela não tinha mais graça. Mesmo assim, ela ficava se culpando, tentando ver onde errou como se pudesse mudar aquela situação. Ela acendia um cigarro atrás do outro, depois jogava as pontas no chão do seu quarto. Ele deve ter se divertido falando de amor, como se entendesse alguma coisa sobre isso. Ela sabia que tinha sido enganada, mas não conseguia parar de desejar que ele ligasse e mudasse sua vida de novo. Só quem podia ver a sua dor era o seu espelho. Estava bonita, maquiada pra enganar quem tentasse enxergar por trás daqueles olhos cansados. Largou as cartas, desligou o som, jogou o celular num canto, e saiu pra noite pronta pra fingir que estava tudo bem. 

M.A.L.L.

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