quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Lençóis


Na sua cama, nos seus lençóis, ela rolava de um lado para outro tentando apagar de novo. Uma lágrima escorreu e ela abriu os olhos. A claridade invadia incomodando-a de todas as formas. Ela abafou um grito no travesseiro e olhou pra cama vazia, tão vazia quanto o que tinha dentro dela, o que não tinha dentro dela. Faltava algo, aliás, várias coisas estavam faltando nela, ela sabia disso, mas não fazia a mínima ideia de como mudar essa situação. Acordava com uma angústia crescente que doía sua garganta, lutava pra se levantar porque não podia simplesmente jogar tudo pro ar e apagar. 
Jogou-se embaixo do chuveiro e deixou as lágrimas se misturarem com a água que escorria pelo seu corpo. Sentia-se totalmente perdida, não conseguia entender o que diabos estava fazendo no mundo ou como estava levando sua vidinha.
E era assim, dia após dia, com esse sentimento esquisito e duvidando se realmente estava viva. Criava situações, como se sua vida pudesse ser uma novela. Envolvia-se com o que não devia, buscava amores, afogava-se em álcool, respirava fumaça, caçava aventurazinhas. Masoquista. Ela nunca pediu que ninguém a entendesse, estava muito away para coisas entediantes. Ela só queria sentir a vida de novo pulsando dentro do seu corpo como não sentia há muito tempo. Não digo que ela fazia certo ou errado, era apenas o que ela tinha. Muitos nunca poderão entender que essa dor que ela trazia para si era a única forma de ter certeza que estava viva.

M.A.L.L.

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