Na sua cama, nos seus lençóis, ela rolava de um lado para
outro tentando apagar de novo. Uma lágrima escorreu e ela abriu os olhos. A
claridade invadia incomodando-a de todas as formas. Ela abafou um grito no
travesseiro e olhou pra cama vazia, tão vazia quanto o que tinha dentro dela, o
que não tinha dentro dela. Faltava algo, aliás, várias coisas estavam faltando
nela, ela sabia disso, mas não fazia a mínima ideia de como mudar essa situação.
Acordava com uma angústia crescente que doía sua garganta, lutava pra se levantar
porque não podia simplesmente jogar tudo pro ar e apagar.
Jogou-se embaixo do
chuveiro e deixou as lágrimas se misturarem com a água que escorria pelo seu
corpo. Sentia-se totalmente perdida, não conseguia entender o que diabos estava
fazendo no mundo ou como estava levando sua vidinha.
E era assim, dia após dia, com esse sentimento esquisito e
duvidando se realmente estava viva. Criava situações, como se sua vida pudesse
ser uma novela. Envolvia-se com o que não devia, buscava amores, afogava-se em
álcool, respirava fumaça, caçava aventurazinhas. Masoquista. Ela nunca pediu
que ninguém a entendesse, estava muito away para coisas entediantes. Ela só
queria sentir a vida de novo pulsando dentro do seu corpo como não sentia há
muito tempo. Não digo que ela fazia certo ou errado, era apenas o que ela
tinha. Muitos nunca poderão entender que essa dor que ela trazia para si era a
única forma de ter certeza que estava viva.
M.A.L.L.

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