Tudo estava balançando. Ela só percebeu a besteira que fez dois
minutos depois de abrir os olhos. Estava sem roupas, e com uma dor de cabeça
desgraçada. “Puta merda, o que foi que eu fiz?”. Olhou pro homem ao seu lado
naquela cama fora do lugar, ele ainda dormia. Respirou fundo, e foi invadida
por flashes da noite anterior. Dançou e bebeu como se o mundo fosse acabar, e
no final das contas acabou na cama do único homem que ela deveria manter
distância. Ela deu uma risadinha sarcástica enquanto analisava a situação, nem
ao menos lembrava se seduziu ou se deixou ser seduzida por aquele homem. Mas
esses detalhezinhos não importam, riu-se ao lembrar-se dele dançando com ela. O
que aconteceu não foi por amor ou qualquer relação de gostar, foi só uma
questão de desejo, e por ser desejo aconteceu.
Não é amor que faz você perder o controle, quebrar suas regras e se
entregar tão facilmente.
Ela a subordinada, e ele o chefe. Naquela noite, por algumas horas, isso não
existiu. Eram apenas corpos quentes que se desejavam e tinham a necessidade de
se tocar. Ela não se sentia usada, para ela foi só uma troca justa de prazer, e
não há nada de errado nisso. Fechou os botões do vestido e calçou os saltos. Pensou
melhor e concluiu que o que aconteceu não foi besteira, era inevitável, e não
havia mais nada a ser feito. Deu uma última olhada naquele que por tanto tempo
desejou e que agora não significava mais nada. Achou melhor não acordá-lo,
pegou a bolsa e fechou a porta sem fazer barulho. Precisava correr, afinal
estava atrasada para o trabalho.
M.A.L.L.


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