domingo, 8 de maio de 2011

Sozinha


Estávamos rindo juntos quando ele me surpreendeu falando: "Você não sabe o quanto eu te amo, garota. Acho que assim que sossegar essa minha fase de doido, vou conquistar esse teu coração e tomá-lo pra mim."
Automaticamente eu comecei a interpretar aquilo, porque pra mim as coisas nunca são como deveriam ser, e todas as palavras podem me levar do céu ao inferno. O que é amor pra mim, muitas vezes não é a mesma coisa pras outras pessoas e isso sempre acaba me magoando. Enquanto as interpretações enchiam a minha cabeça eu respondi como se aquilo fosse um joguinho: "E pra quê você quer um coração todo destruído?" E ele disse: "Pra cuidar dele, oras." Como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo, como se todas as marcas pudessem ser reparadas. Acho que ele não percebeu o quanto meus olhos já estavam cansados de brincar de amor.
Ficamos um tempo em silêncio até que ele falou de novo: "Sabe, eu nem ligo mais se o mundo vai acabar ou não, na verdade, eu quero mesmo que acabe. Porém, eu jamais desejaria isso sem te ver feliz primeiro."
Dessa vez eu não respondi com palavras, eu apenas dei um risinho cético. Me ver feliz, me ver feliz, me ver feliz. Suspirei. Como ele acha que vai conseguir isso eu não sei, estou tão cansada de tudo, é tão difícil confiar nas pessoas. O segredo que não é segredo pra diminuir as mágoas é não esperar, não criar expectativas. Mas eu estou parada no tempo, estou presa observando as coisas ruírem. Silêncio. Comecei a recordar de tantos passos, tantos corpos, tantos suspiros que ficaram no passado, e hoje só me restam marcas doloridas.
Dei um abraço apertado nele, como se aquilo pudesse me despertar. Ele beijou minhas mãos e decidiu que era hora de me deixar, afinal eu já estava sozinha há muito tempo.

M.A.L.L.

2 comentários: